02/06/2016 Geral

Justiça evita que égua com suspeita de mormo seja sacrificada no RS

Foto: Divulgação

Desde 2015 foram detectados 41 focos da doença no Estado

 

Uma ação judicial movida por vereadores de Alegrete, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, impede que dois cavalos com suspeita de mormo sejam sacrificados, ao menos enquanto não forem realizados novos exames para comprovar o diagnóstico da doença. Até o momento, o Estado já tem nove casos confirmados.

Quando o resultado do exame é positivo, a Inspetoria Veterinária sacrifica os animais contaminados. No caso de Alegrete, a decisão da Justiça é válida até que análises mais específicas sejam realizadas para confirmar que os equinos têm mesmo a doença.

A notícia foi um alívio para a dona de casa Inda Claras da Conceição, proprietária da égua Bionda. “Faz parte da família, nascida ali, criada ali. Meus netos pequenininhos andavam a cavalo, os filhos já são todos criados. Eu nem sei lhe dizer a tristeza que a gente já tem, imagina o que poderá ter”, afirma.

Aos 12 anos, Bionda passou por vários exames desde agosto, e foi mantida isolada na periferia de Alegrete. Há uma semana, chegou o resultado positivo do exame de maleína no animal, feito por um médico veterinário da inspetoria. De acordo com a legislação do Ministério da Agricultura, a prova é suficiente para considerar o caso como doença e determinar o sacrifício do cavalo. “Ele falou que aquilo podia nos contaminar. Eu dou água pra ela em um balde com uma manga, né. Ela tem um balde onde ela come a comida dela. Agente não se aproxima dali e assim, contato com ela diretamente assim, de passar a mão, de acariciar, não”, comenta a dona do animal.

No último domingo (27/5), o apelo de Inda ganhou apoio. Um grupo de estudantes fez uma caminhada no Centro de Alegrete, pedindo que o animal não seja sacrificado. “Não conhecia a família, depois que a gente conheceu a gente viu o estado deles, que eles estavam bem tristes, desacreditados e preocupados também pela égua ser criada desde pequena com eles”, explica a estudante de Direito Janini Silveira de Souza.

Sobre a decisão judicial, a Inspetoria Veterinária disse que segue a lei e as orientações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para fazer os exames e detectar a doença. Desde 2015 foram detectados 41 focos da doença no Estado. Até agora, foram identificados casos nas cidades de Rolante (um caso), Uruguaiana (um foco com um caso positivo), Alegrete (um caso e um foco), Santo Antônio das Missões (um foco com cinco casos), além do registro mais recente em São Jorge (um foco e um caso).

O que é - O mormo é uma doença infecciosa que não tem tratamento e pode atingir equinos e humanos. Quando infectado, o cavalo precisa ser sacrificado e cremado. A doença é transmitida pelo contato com o material infectante, tanto diretamente com secreções do doente, quanto indiretamente por meio de bebedouros, comedouros ou equipamentos contaminados.

Em humanos, a doença normalmente se manifesta em até 14 dias. A contaminação acontece pelo contato com animais doentes, fômites contaminados, tecidos ou culturas bacterianas em laboratórios. Os sintomas são febre, lesões com pus, edema de septo nasal, pneumonia e abscessos em diversas partes do corpo. A doença é de difícil tratamento e quase sempre fatal.

No Rio Grande do Sul, o risco de contágio do mormo levou pelo menos 118 prefeituras a cancelarem os desfiles farroupilhas no ano passado, conforme levantamento da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs).

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