02/06/2016 Geral

Cuidados na hora de transportar cavalos

Foto: Divulgação/Facebook

Em boas condições de viagem, os equinos podem suportar cerca de 20 horas de viagem sem paradas

 

No Brasil, o transporte de cavalos é feito quase que exclusivamente por vias rodoviárias, com o uso de caminhões, carretas ou trailers. Mas os  animais também podem ser transportados por vias aéreas, marítimas, e também por ferrovias, embora estas alternativas sejam menos usadas. Existem várias empresas especializadas, com frotas próprias para carregar os equinos com segurança e de forma a garantir a integridade física e o bem-estar dos animais.

Criada em 1996, a Melo Transportes, de Viamão (RS), na Região Metropolitana de Porto Alegre, é uma das mais conhecidas empresas que atuam no ramo. O proprietário, Marco Aurélio Melo da Silva, conta que, por ser apaixonado por cavalos e gostar de viajar, uniu o útil ao agradável. Ele abandonou o trabalho na área de contabilidade na Ipiranga e, a princípio,  passou a fazer o transporte de cavalos  crioulos para os diretores da empresa.A mudança não se resumiu apenas ao trabalho. “Também troquei Porto Alegre e seu trânsito congestionado e fui morar em um sítio no município de Viamão, na Região Metropolitana da capital gaúcha”, diz.

A Melo Transportes é uma empresa familiar em que, na maioria das vezes, é o próprio diretor que assume a boleia e faz os fretes. No entanto, quando a demanda de serviços aumenta, como durante a Expointer, Bocal de Ouro e outros eventos ligados aos criadores de cavalos crioulos, o empresário é obrigado a acionar um empregado, com o qual divide as viagens pelo Brasil afora. “Por ser um trabalho que eu gosto muito, eu mesmo faço os fretes”, declara.

Atualmente, a empresa possui dois caminhões boiadeiros. Quando o frete ultrapassa a capacidade de cavalos, a Melo Transportes terceiriza o serviço. O empresário ressalta que os veículos usados para transportar os animais são caminhões boiadeiros tradicionais com no máximo dois anos de fabricação. O frete é cobrado por quilômetro carregado, variando a distância e a quantidade de animais. “Usamos também rotas, facilitando e visando a economia para os clientes”, salienta. O destino mais comum das viagens contratadas pelos criadores de cavalos é mesmo a Fronteira Oeste.  “A região possui uma leva muito grande de cabanhas e criatórios da raça”, observa.

Melo avalia que o Rio Grande do Sul é o Estado onde possui o maior número de clientes, mas a raça está se expandindo bastante nos últimos anos para outras regiões do Brasil. A empresa, inclusive, já transportou cavalos para outros países, como Chile, Argentina e Uruguai. O empresário lembra que a viagem mais longa que a Melo Transportes já fez foi para o Maranhão, no Nordeste. Uma puxada e tanto, já que é necessário percorrer 3.667,9 quilômetros pela BR-153, passando por Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás e Tocantins. “Transportamos uns cavalos que haviam sido adquiridos durante os remates da Expointer para um criador daquele Estado”, lembra. “A viagem teve uma duração de 14 dias, considerando o percurso de ida e volta”, acrescenta.

O transporte de cavalos exige uma série de cuidados especiais. É preciso atentar para o tempo em que o equino ficará embarcado, respeitando as limitações do animal. Se em boas condições de viagem, os animais podem suportar cerca de 20 horas de viagem sem paradas, lembrando que, quanto mais tempo embarcado, mais o animal apresentará problemas, como estresse. “Durante viagens muito longas, procuramos fazer paradas mais frequentes, para dar água e a  alimentação, evitando, assim, o stress dos animais. Nas viagens mais curtas procuramos fazer linhas diretas, fazendo com que os animais fiquem menos tempo dentro do caminhão”, destaca.

Para evitar panes na estrada, que seriam prejudiciais aos animais, os veículos usados no transporte dos equinos passam por vistorias antes das viagens. “Antes de cada viagem fazemos revisão de água e óleo, troca de pneus e limpeza da boiadeira. Por termos caminhões novos, a manutenção está sempre em dia para assim evitar paradas desnecessárias no caminho”, afirma Melo, acrescentando que segue a risca as normas do Código Brasileiro de Trânsito (CBT).

A Trans Ribas, de Cruz Alta, na Região Noroeste do Estado, atua no segmento de transporte de animais desde 1979, mas há dez anos se dedica exclusivamente a transportar equinos. O proprietário da empresa, Afonso Ribas, segue os passos do pai, que transportava mulas para São Paulo. “É herança de família”, afirma.

  Considerando os motoristas e campeiros, a empresa conta com oito empregados. A Trans Ribas possui uma frota formada por cinco caminhões boiadeiros, todos preparados para o transporte dos animais, com piso de borracha e divisórias para os garanhões. Já consolidada no mercado, a empresa possui clientes nos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Pará.

“Transportamos cavalos para clientes de todo o Brasil, especialmente para os Estados de São Paulo e Mato Grosso”, destaca o empresário. Ribas lembra que a viagem mais longa que já fez foi da capital cearense, Fortaleza, no Nordeste, até Rio Branco, no Acre, no Norte do país. O mercado, porém, também sofre com as incertezas da política e economia. “O mercado anda engraçado. Tivemos uma queda de 50% no serviço”, lamenta Ribas.

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