15/04/2016 Geral

Cutelaria D’Ávila, de Tapes, produz facas artesanais e exclusivas que conquistam clientes em todo o país

Foto: Arquivo Pessoal

Peças são feitas com aço 5160 e damasco 

“Cavalo de boa boca, mulher de bom gênio, faca de bom fio”. O antigo ditado já mostra a importância que a faca tem para o gaúcho. Ela faz parte de sua identidade, assim como o chimarrão, a dança e o cavalo da raça Crioula. É mais fácil imaginar um gaúcho sem seu cavalo do que sem a sua faca. Afinal, ela é usada pelo homem do campo em uma série de atividades e necessidades, desde cortar a costela gorda no churrasco até como arma, na hora do entrevero.

Felizmente, os tempos de guerra fazem parte do passado e tudo que os gaúchos querem agora é tomar o seu chimarrão em paz e saborear um churrasco com a família ou os amigos. Assim como o vinho ou a cerveja artesanal exigem a taça certa para sua degustação, no churrasco é a mesma coisa: é preciso uma faca com bom fio, porque poucas coisas incomodam tanto quanto uma faca de má qualidade. Imagina encarar uma coalheira de ovelha ou uma costela com matambre com uma faca ruim?

As facas podem ser adquiridas em lojas especializadas ou encomendadas a um cuteleiro, que confecciona facas de forma artesanal, peças únicas, já que uma faca nunca é igual à outra. Em Tapes, na Zona Sul do Rio Grande do Sul, a arte de moldar o aço para confeccionar facas é levada adiante pelos irmãos Márcio e Cristiano D’Avila. Em 2008, os dois criaram a Cutelaria D’Avila Indústria e Comércio Ltda. Tudo começou quando Márciofez a primeira faca de desbaste com um disco de grade doado por um amigo.

Mesmo sendo uma peça bem simples, a primeira faca emocionou os irmãos e foi vendida mesmo antes mesmo de ser finalizada. “Daí em diante, a nossa parceria ficou cada vez mais selada e, certamente, estaremos irmanados para sempre, não somente pelos negócios, mas pelo coração e respeito que temos um pelo outro”, destaca Cristiano, que é responsável pelo financeiro, comercial e administrativo da empresa. Já Márcio responde pela produção das facas.

A cutelaria produz facas em um processo artesanal e conta com quatro empregados. Funciona em um sítio no quilômetro 348 da BR-116, adquirido pelos irmãos há cerca de dois anos. Atualmente, eles produzem cerca de 300 unidades por mês, especialmente a faca gaúcha, mas também atendem encomendas de peças customizadas. As peças são produzidas em 6, 8, 10 e 12 polegadas.  “Mas os modelos mais vendidos são os de 8 e 10 polegadas”, afirma Cristiano, que nesta semana montou um estande para comercializar suas facas durante a 17ª edição do Bocal de Ouro, no Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS).

Os cuteleiros utilizam o aço carbono 5160 e o aço damasco como matéria-prima para a produção das lâminas. “Usamos o 5160 porque é mais fácil trabalhar com ele e também porque nos dá uma qualidade de lâmina muito boa”, ressalta Cristiano. Os cabos são de diversos materiais, como madeira de guajuvira, pau-brasil, jacarandá, chifre de gado, chifre de cervo e alpaca, enquanto as bainhas são produzidas em couro com detalhes em alpaca, couro cru e couro de porco. Os preços variam entre R$ 800,00 e R$ 3 mil, dependendo do cabo, da bainha, do material da lâmina e do tamanho da faca.

Os cuteleleiros decidiram suspender a fabricação da linha de facas Farroupilha Piratini. Foram produzidas cerca de 300 peças e a ideia é manter a aura de exclusividade. “A faca está vendendo muito bem e o objetivo é valorizar as que já foram produzidas”, salienta. A cutelaria faz mistério, mas adianta que, em setembro, mês que é comemorado o Dia do Gaúcho, lançará uma edição especial. “Não posso adiantar muita coisa para não estragar a surpresa, mas a faca terá relação com a história do Rio Grande do Sul”, revela Cristiano.

As peças são vendidas para todo o Brasil, principalmente para os Estados de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, São Paulo, além de Argentina, Bolívia, Canadá, Austrália, México e Estados Unidos. Os produtos também são podem ser encontrados em lojas da Região Metropolitana e no interior do Estado, além da nova loja inaugurada em janeiro do ano passado no bairro Hípica, na Zona Sul de Porto Alegre, a La Estância. Eles ainda utilizam a internet para comercializar as peças, por meio do site www.cutelariadavila.com e da loja virtual www.facasdavila.com.br

 

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