05/04/2016 Geral

O pioneirismo de Rene Barbachan

Foto: Arquivo Pessoal

Rene Barbachan
Rene Barbachan

         A moda campeira, que faz sucesso entre os adeptos do cavalo Crioulo, deve muito ao porto-alegrense  Rene Barbachan. Há 20 anos, ele inaugurou  a Rincão Crioulo, uma loja que inovou ao oferecer aos seus clientes peças de vestuário trazidas de países como Argentina, Chile, Uruguai e Austrália. No estabelecimento,  que funcionava no bairro Teresópolis, na Zona Sul de Porto Alegre, eram vendidas bombachas, lenços, cintos, botas e peças produzidas com couro de capivara, conhecida nos municípios da Fronteira Oeste como capincho. “A loja segue funcionando, mas de forma itinerante, em feiras e exposições”, afirma Barbachan, de 54 anos.

         Mas não foi só essa a contribuição de Barbachan para o culto às tradições gaúchas. Dois anos antes de o Acampamento Farroupilha ser criado oficialmente, em 1987, ele e outros cinco amigos - a maioria do interior do Estado - já acampavam no Parque da Harmonia, uma área verde no Centro da capital gaúcha. “Nós acampávamos com barracas de camping, na área da fazendinha, ao lado do Bolicho do Domingão”, lembra. Ele conta que a ideia surgiu quando eles vieram para o desfile do Dia do Gaúcho e resolveram montar acampamento no local. “Nunca imaginamos que o acampamento cresceria tanto. E nem que transformaríamos um lugar, que nós apenas acampávamos pra comemorar o 20 de setembro, em uma das maiores festas do Sul do Brasil”, diz.

A forte ligação de Rene com o campo vem de família. Seu bisavô foi herói da Guerra do Paraguai e tem uma rua em sua homenagem, no bairro Santana. Após voltar da guerra, virou um grande comerciante e criou uma fazenda, às margens do Arroio Ipiranga [Dilúvio], na qual sua família descobriu um amor por cavalos que foi passado para as outras gerações. “A fazenda do meu bisavô ficava no local onde hoje é o Palácio da Polícia. A rua atrás do Palácio chama-se Leopoldo Bier em homenagem a ele”, revela.

Em 1976, Barbachan foi trabalhar no restaurante do pai, na Expointer, e gostou muito de um tordilho, que descobriu mais tarde ser o garanhão Hornero, um dos maiores pais de cabanha da raça Crioula. O contato com os cavalos aumentou quando ele passava as férias na fazenda de um amigo, em Minas do Butiá. “Eu e o Jorge Bohrer éramos vizinhos em Porto Alegre e íamos para a fazenda nas férias de verão e inverno”, recorda. O primeiro cavalo foi um presente dos criadores Oswaldo Dornelles Pons e Vílson Souza. “Se chamava Buçal de Santa Úrsula, RP 44”, salienta.

Barbachan também é um cozinheiro de mão cheia. Há 27 anos, ele comanda as jantas para um grupo de amigos que se reúnem todas as terças-feiras. As confraternizações costumam reunir de 30 a 35 pessoas, mas já teve a participação de 80 comensais. Em 2001, por sugestão do cuteleiro Cássio Selaimen, ele decidiu fazer do talento para a cozinha herdado da avó e da mãe em ganha-pão. Desde então, ele trabalha como personal chef e é especialista em cozinha campeira e assados. “Faço assados, paella, paella gaúcha e feijoada, mas também preparo massas,  filés e pratos mais sofisticados”, destaca.

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